Parcela significativa do partido cobra ruptura com o Planalto e aproximação com o PSDB; desembarque do governo pode implicar no apoio da legenda ao impeachment da presidente

Michel Temer busca permanência na presidência do PMDB, posto que ocupa desde 2001
Às vésperas dos protestos que prometem tomar centenas de cidades contra a presidente Dilma Rousseff neste domingo (13), os olhos da política nacional se voltam para o Centro de Eventos Brasil 21, em Brasília, onde o PMDB realiza sua convenção nacional neste sábado (12).
Para além da definição dos nomes que ocuparão a executiva nacional do partido – objetivo primário do evento –, o encontro da cúpula peemedebista gera expectativa devido à possibilidade de uma definição sobre o futuro da legenda em relação ao governo Dilma. Ao longo desta semana, foram realizadas diversas conversas e movimentos indicando que o PMDB poderá desembarcar da base aliada.
Bandeira antiga do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), a proposta de deixar o governo ganhou força após a crise política no Planalto se agravar ainda mais nas últimas semanas devido à prisão do marqueteiro João Santana, à delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e à ação da Polícia Federal contra o líder petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Diante desses episódios, diretores das sedes do PMDB no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná decidiram redigir juntos, em reunião na capital gaúcha, um documento intitulado "Carta de Porto Alegre", no qual os dirigentes cobram que o partido se afaste do governo federal.
"O PMDB participa do governo, mas é meramente decorativo. Não somos ouvidos para nada. O País está afundando e a gente vai ter que afundar junto?", critica o deputado federal Osmar Terra, vice-presidente estadual do PMDB no Rio Grande do Sul.
Além das denúncias contra o governo, os argumentos do grupo na defesa pelo distanciamento do Planalto passam pela situação econômica do Brasil e pela "condução errática" e "desacreditada" da política do País.
Os peemedebistas condenam ainda o "rendimento do governo ao jogo político pautado pela pressão por cargos". Esse fenômeno, no entanto, passa justamente pelo próprio PMDB, que detém atualmente seis ministérios, sendo três deles considerados de primeiro escalão – Saúde, Minas e Energia e Agricultura.
A "Carta de Porto Alegre" que será entregue durante a convenção deste sábado ao presidente do partido, Michel Temer, defende que a legenda entregue as posições no Executivo para descolar do governo.
"[Deixar o governo] não é uma coisa simples, até pelo número de cargos, mas precisamos entregá-los para ter um discurso livre", defende Terra.

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